Democracia, minha cara - não mais cara que seus líderes,
estou a pensar em ti e em nossa condescendência.
Sentimos por nosso dinheiro, nossa decência,
nossa esperança e inocência
a ver que ti, tão bem gerada e iluminada,
plana em vôos cegos e asa indomada.
O coro, violentado se barulhento,
escuta atento
o som ungüento
do deputado batendo à mesa ‘isento’.
Vão no vento as palavras,
apológicas dessa democracia,
e analógicas da demagogia...
Vê-se a política do vinagre;
dos vinhos seletos, promissosos,
tornam-se azedumes rançosos,
cabeça-de-bagre, passado remoto,
quando ganhados e vencedores no voto.
E o deputado, que vence com tantos,
contanto que vença, e vencimentos prontos,
leva vencimentos vis e voz de prantos
em salário de derrota a amplos cantos.