sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

El diluvio


con el alma llena de sangre
y las bocas que tengo embotelladas
busco suelo para mis pies cansados

alrededor de los fatos
un rato dice de mi soledad
y de los desayunos callados.

vuelven las palomas
temprano fuiste el diluvio,
pero el hambre no le deja dar esperanza.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Branca na areia branca


Caminha branca na areia branca,
em santos passos na fé que banca,
a doce companheira.

Os golfinhos em júbilo a se entremearem,
emergindo os prazeres e os corpos.

Sonha branco na areia branca
o olhar que o sol arranca
da doce companheira.

Os homens em arremedos,
surgindo das vísceras os instintos.

Dorme branca na areia branca,
com o sol que a queima franca,
a doce companheira.

O poeta vai olhando ao chão,
vendo seu reflexo no nada.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Do adeus à lua



A lua ontem nasceu completa
aqui, onde nunca há lua,
aqui, onde não existe lua.

Ontem nasceu e minguou instantaneamente,
como as lágrimas de quem diz que não chora:
surgem de pronto – são lágrimas,
e caem – tornando-se sal e água no chão.

Ontem queria ter o poder de parar o tempo
para que o relógio fosse meu amigo
e visse ad eternum a lua.

Como a lua é esnobe,
como os amores reais,
tenho agora uma perda entre os dentes.

Amanhã ou depois, talvez ela não me volte,
e eu amargarei não ter parado o tempo
e ter tirado uma foto única ao seu lado.

Los revolucionários



Ah, como eu odeio a rede
de revolucionários virtuais,
e apenas virtuais.

Os bites sustentam uma revolta tão tênue
quanto a eletricidade que os sustenta.

"Vamos mobilizar,
escalar o Everest e levantar a bandeira da paz,
da democracia, da diversidade sexual,
do feminismo e do fanatismo virtual!"

As ruas lamentam tristes e vazias
a falta das vozes militantes...
e dos braços de políticos sem partido ou com,
e partidos os corações permanecem.

As luas tremem ausentes
dos olhares dos sonhadores!

Como nossos pais,
trocamos a força da politização
pelo inércia fast food.

Come on, tuitar e compartilhar!!
Enquanto o sistema financeiro luta com lobbyes,
luta-se com like this.

Ora, Drummond, tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo virtual.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Pobres Minas

 Aos amigos Fausto de Castro "Matuto"
e Aluisio Porto "Lula"

Os caminhos de Minas são bicolores,
estradas que vão minério e voltam vazio,
tal qual serra em metamorfose: buraco.

A estrada que sai, sai em sangue.
A que volta trás caminhões subcinerícios....

Das serras, quanto menos tem,
mais buraco fica, mais tatus,
menos verdes e mais pobres Minas.

Pobre de Minas e pobre de minas no futuro.

Pobre dos mineiros, que nada lhes restará
senão sulcos destrutivos e o pó pregado ao pé:
vermelho sangue da liberdade que tarda a chegar.


Os caminhos de Minas são de ferro,
e nossa paciência de aço incorrosível.