segunda-feira, 13 de agosto de 2012

MAR PORTUGUÊS

Um dos meus poemas favoritos, de autoria do Genial Fernando Pessoa.
Sempre que algum sonho se torna desafio, leio e me motivo bastante.
Gostaria de compartilhar um pouco de mais esta Doce Esperança.





Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

domingo, 12 de agosto de 2012

Escafandro



A passos lentos e precisos, 
segue o explorador pelos confins.
Seu escafandro sob toneladas
dá-lhe abrigo e prisão.

Fé nas profundezas,
pois que nela se apruma a razão das coisas.
Tudo que se pode explicar,
é claro nas profundezas pormenores.

Ao postar-se deitado nos fatos,
contudo,
suas articulações enferrujam,
pois que sua armadura
é arma, mas é dura.

Em seu amor pelas descobertas,
trama poesias no escuro:
cor, ação e luz apagados.

Eis que aparece sua linda criatura,
descoberta por ele – não criador.

Aturando seus limites
e torturando seus joelhos,
trama seus passos sem nada mirar além.

Escafandro maldito!
Fez permiti-lo as mais abissais águas,
mas lhe ceifando a cinética necessária.

Não mais a criatura ali está,
pelo resto da vida.

12-08-2012

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Estátuas



Conhece o caminho quem por ele já passou
ou por ele se atreve.
Os demais, que já ouviram falar,
pensam que o sabem.
Não se revoluciona o desconhecido.

Incautos críticos,
cítricos autos de nada.

À espera do porvir,
estáticos e com pombos lhes contribuindo para maior estatura,
acidificam a falta do que fazer,
corrompendo-se por dentro e por fora.

Ao passo da espera,
cruzam laudas e laudas de leis,
sabendo como fazer obscuro e público,
os palhaços da pós-moderna arte
de construir obras para si próprios.

E nossos pares – autointitulados cidadãos,
padecem.