domingo, 29 de janeiro de 2012

Me gustas cuando callas

 Do Nobel chileno Pablo Neruda.
Esse poema me lembra as aulas de espanhol da Profa. Yedda :)

Me gustas cuando callas 


Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Rojo



Los rojos enseñan a los niños
acerca de los muertos,
pero igualmente de las rosas.

El rojo quiere el verde
y al verte quiero rojo.

iMorí! La sangre se fue…roja.
En la tumba, rosas rojas
e rotas esperanzas.

Verde volví,
loco por ti.

Las calaveras cambiaran tu espanto
hacia las risas
por verte roja.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Da fênix


Um poema antigo que me alegrou encontrar.

No traçado duma fênix ao renascer,
Translúcido ramo de flor sobre a montanha,
Causa-se um poema por ti,
Princesa que tanto chamo cruz.

Princesa,
Que tanto chamo mãe do meu caos.
Mulher-menina,
Que tanto me rouba o ar,
Vive a fênix um viver novo
E desesperado da tua íris para mim.

Tanto caos tua íris forma
Para que eu negue minha amargura.
Tanta amargura vai secando em mim
Pois tua flor tem néctar real.

Tanto caos produz tua íris na minha retina,
Que a amargura fica doce por tua boca
E as penas da fênix me aquecem,
Protegendo meus fraquejos de ceticismo

Porque no traçado do vôo da fênix
Cabe o poema e mais meus olhos,
Mas não cabem meu querer e minha agonia.
Meu querer por tua pele
E minha agonia por te esperar sempre.







quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

As Horas


As horas I

Retorno da guerra sombrio;
um mapa do passado, feito em cicatrizes,
e uma rosa entre os lábios cortados.

Vão em sangue e lágrimas
os botões da camisa e da flor.

Como se fosse o sol na madrugada,
vão as horas que recordo
de peles aos pelos.

As horas saltam malditas
da Ponte dos Contos,
rumo aos quintos dos invernos,
frios e estáticos.

---&---

As Horas II

Refrata o vinho a semi-luz ao fundo d’alma,
e clama a cama pelo deformar:
pra lá de Marrakech, mamãe...

Lisos trajes destemidos, quando os há,
e frisos lugares extáticos, que os há.

As horas voam como a Curva do Vento,
com destino ao indistinto céu,
e como o beiço ao sonhado véu.

Dos peitos pulam as cicatrizes,
rumo às costas e nada mais...




domingo, 8 de janeiro de 2012

Pois não tem explicação


Um poema muito grande,
mas pequeno diante do tanto a tentar
ser explicado inutilmente.

Eu, que não posso explicar se a curva da montanha
é curva do céu,
que não joguei pela vitória – pelo jogo joguei,
caio dez e levanto nove vezes.

Eu, que errei o erro,
atirando dardos nos nervos em meu espelho,
que senti, mas não pressenti...

As palavras não consertam nada,
tão menos comprovam se a cerejeira
existe ou não;
se não há cereja e não há árvore,
de nada servem as palavras a justificar.

Eu, muito
que pouco sei, que muito desconfio,
tenho sentido tanto e sem sentido.

Eu, que não entendo, mas tento explicar,
equivoco e vomito os versos:

Sabes de meu desejo,
da promessa pela vida que já não tenho
e da vontade que não domino.

Sabes de minha carnificina,
matando os sonhos,
e da minha engenhosidade,
arquitetando-os novamente para, então,
tombá-los mais uma vez.

Tu, entre tantas, tu.
Encanta-me tu,
que canto tu!

Oferecerei minha respiração para teu nome;
meus dedos para teus cabelos;
meus cabelos pela tua paz;
minhas letras para teu júbilo;
meus ombros para tua tristeza.

Eu, que oferecerei o mais cálido e simples amor,
não terei mais pernas,
ou as terei sem medula que as tonifique e coordene.
Forçosamente caminho com os joelhos dobrando em todos os sentidos
e com a face sem nenhum deles.

Eu, que aos braços abertos e oferecedores de mim mesmo,
não tenho mais lógica que organize
ou sensação que capte ou semeie este meu amor.

Tu, jamais saberei quem tu és.
“Jamais” se chamará meu livro, com tua foto
e de capa vermelha  - do meu sangue por tua vaidade.

Tu, inspiração e aspiração,
vontade e volúpia, mesclados.
Tu, canção e cena,
drama encerrado em lágrima.

Tu, nunca mais saberei tua boca,
pois te esqueces do princípio
e de nossos desfrutes,
em que os medos não haviam.

Tu, que te olvidas do pouco que temos
de vida.

Tu, que me és tanto
e nada.

Não sei, eu que já não saberia,
explicar.
Coisas que não tem explicação...

Tu, mil e duas vezes tu,
que conto para não perder,
mas que insisto perder mesmo assim.

Tu, fênix e beija-flor,
pensa a vida anunciando-a partida,
sem saber onde chegar.

Tu, cujos braços erguem
a esperança de toneladas,
mas que teme a leve pluma de um coração.

Não! Eu não sei mais sentir
o que emana de mim,
ou o que temes tu de tão tenso
e tão pesado sortilégio.
Não sei quantas vidas tirastes,
ou quantos pecados hás de sustentar,
enquanto a virtude opera anunciada.

Eu, que já não sei explicar a vida,
desejo os sentimentos da morte.
Eu, que ignaro anseio,
lamento a sorte.

Não, esta tristeza não é bela
nem o verso é pobre.
Nem todo grande amor e nobre,
ou afortunado nos senderos.

Eu, que não falarei sobre “nós” no futuro,
não me atreverei a escrevê-lo
ou descrevê-lo.
Não hão de sonhar
os meninos que não conhecem o amor.

Eu, que não falaria amor,
não o diria, por não me atrever.
Não hão de amar
aqueles que não  se entregam a tal.

Eu, sacrifício em ferida e nervos à mostra,
entregue ao capataz nervioso,
com a lâmina na cintura,
não vejo o céu acima
e nem o chão abaixo.

Sabido que pouco sei,
que nada direi de novo
e tudo revelarei de velho,
digo que nada disso importa.

Eu, que ainda estou sem me levantar
pela derradeira vez.

Sabem as árvores, que estão ao vento e à chuva,
que nada disso importa,
pois não tem explicação.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A madrugada segue calada


A madrugada segue calada
e a canção que brota de minha boca fechada
atinge os poetas que morrem de amor perdido,
tirando-lhes o sono incomum.

Os quadros de Dali se tornam reais
e a mente insana oculta o sono.

Dói um alfinete a solidão
e um milhão deles a ilusão perdida.

Abaixo da pele
o sangue se pergunta o motivo
de tanto pulso e tanta angústia.
Acima da pele os anjos fraquejam
ao lamentar pelo verso tão sofrido.


Sentido



Os ouvidos bravos por tremer insólitos
vão olvidando a palavra
e lembrando a perfuração do tímpano.

Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.

Os olhos queimando pelo vento cortante
vão olvidando a imagem
e vislumbrando a rugas que não via.

Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.

As bocas sangrando por mastigar lâminas
vão mirando o mitigar das seivas
e vislumbrando a sede infinita do beijo.

Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.

Os narizes ensimesmados pelo perfume
olvidam o gosto verdadeiro
da decomposição anunciada dos girassóis.