quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

As Horas


As horas I

Retorno da guerra sombrio;
um mapa do passado, feito em cicatrizes,
e uma rosa entre os lábios cortados.

Vão em sangue e lágrimas
os botões da camisa e da flor.

Como se fosse o sol na madrugada,
vão as horas que recordo
de peles aos pelos.

As horas saltam malditas
da Ponte dos Contos,
rumo aos quintos dos invernos,
frios e estáticos.

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As Horas II

Refrata o vinho a semi-luz ao fundo d’alma,
e clama a cama pelo deformar:
pra lá de Marrakech, mamãe...

Lisos trajes destemidos, quando os há,
e frisos lugares extáticos, que os há.

As horas voam como a Curva do Vento,
com destino ao indistinto céu,
e como o beiço ao sonhado véu.

Dos peitos pulam as cicatrizes,
rumo às costas e nada mais...