Os ouvidos bravos por tremer insólitos
vão olvidando a palavra
e lembrando a perfuração do tímpano.
Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.
Os olhos queimando pelo vento cortante
vão olvidando a imagem
e vislumbrando a rugas que não via.
Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.
As bocas sangrando por mastigar lâminas
vão mirando o mitigar das seivas
e vislumbrando a sede infinita do beijo.
Todo carnaval tem seu fim anunciado
e todo fim tem seu carnaval velado.
Os narizes ensimesmados pelo perfume
olvidam o gosto verdadeiro
da decomposição anunciada dos girassóis.