sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Globalização

Redundância: estar ao telefone
ao lado de um computador ligado.

Não quero dormir

Não quero dormir,
Ouvir os cantos silenciosos da noite
E tremer de medo às sombras vagantes.

Não quero dormir,
Já que o sono me inspira a morte
E a própria morte me inspira o sono.

Na calada da noite calada,
Fala o homem de vitruviano com seu pragmatismo,
Anunciando
Que eu não restarei ao caos da vida moderna.

Portanto, e portando ainda um pouco de vida,
Não quero dormir,
Pois a vida me inspira a morte
E a morte me inspira a vida.

Perdoa


Quem ama cuida das estrelas
E as impede a morte sem cuidado,
Quando a noite é tão inóspita
Que a luz se encarcera ao cadeado.

A quem se deseja a completude
Não cabe doação
Que não um legado de vento
E velas a transpor os mares da solidão.

Há que cruzar além dos limites da dor
Todo caçador de tua boca
Que querer o deleite
Inconcebível de teu estar louca.

Vige voltar a quem se ama
Depois de qualquer guerra
Cuja tortura seja tanta na paz
Que voar seja ter os pés na terra

Quem ama cuida da flor
E a impede à distância estar
Como o pé um do outro separado,
No correr ao te buscar.

Eis que lhe chegam apenas minhas palavras
Formando os versos que me exprimem.
Eis que chega minha poesia
E a fé que as letras reprimem.

A poesia é o sentir a poesia;
É o adjetivo do vento
Enquanto as palavras perdem a cara,
O corpo e o comportamento
Para deixar de serem vazias
E tornarem-se a alma das sinfonias.