sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Perdoa


Quem ama cuida das estrelas
E as impede a morte sem cuidado,
Quando a noite é tão inóspita
Que a luz se encarcera ao cadeado.

A quem se deseja a completude
Não cabe doação
Que não um legado de vento
E velas a transpor os mares da solidão.

Há que cruzar além dos limites da dor
Todo caçador de tua boca
Que querer o deleite
Inconcebível de teu estar louca.

Vige voltar a quem se ama
Depois de qualquer guerra
Cuja tortura seja tanta na paz
Que voar seja ter os pés na terra

Quem ama cuida da flor
E a impede à distância estar
Como o pé um do outro separado,
No correr ao te buscar.

Eis que lhe chegam apenas minhas palavras
Formando os versos que me exprimem.
Eis que chega minha poesia
E a fé que as letras reprimem.

A poesia é o sentir a poesia;
É o adjetivo do vento
Enquanto as palavras perdem a cara,
O corpo e o comportamento
Para deixar de serem vazias
E tornarem-se a alma das sinfonias.