segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dos lençóis em lá




Dos lençóis em lá, cobertos em lã,
vão  as rugas ao sempre eterno flerte.
Por ver-te distante, minha boca sedenta
busca-te e volta ressequida, pois sozinha.

Nas horas a ver-te as fotos,
ainda que tão estático mundo ,
ainda que sem gosto ou cheiro,
já se põe de aplausos minhas retinas

Não és meu espanto,
senão no medo da despedida
e no devaneio do encontro.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vivo como quien



 Mais um dos antigos, ensaiando um espanhol daqueles! rs
Vivo las noches como quien,
al borde de la muerte, bajo la luna,
besa la vida recién despierta,
salva, tras milagro por fortuna.

Pero moría y nadie lo sabía.
Loco delante mi temblor
volví muerto en una noche,
después de un dulce de dolor

Entonces lo dicen:
- Tuian, ¿como murió?
- Murió mi corazón – lo contesto-
pero mi cuerpo quedó.

Entonces vivo las noches
como los que renacieran despacio.
Mientras me llamen bohemio
leo “De cameron”, de Bocaccio.

Vivo las noches como quien
murió y de nuevo vive.
Probo los sabores
de hogares donde estive.

Morí y nadie lo supe.
Delante mi temblor
volví muerto,
muerto corazón de dolor

Adelante un sendero más corto
voy hacia el amor más amado.
Sin corazón realizo  
mi proyecto olvidado.

Cuando miro unos ojos claros,
los investigo sediento,
pero sin corazón,
como una forma de aliento

Vivo las noches como quien,
murió e vive la canción de Neruda.
Como en el Poema 20
que olvida e vive el placer sin duda.

Dejando mi corazón en su tumba,
llevo mis huesos por el sendero.
Así como los que miran la vida
tras casi morir de desespero.

Alien


Por nada saber do quê (ou porque) gostar
os cegos vão em busca de relíquias cada vez mais inalcançáveis.
De dentro de uma caixa elétrica
com som, imagem e bobagem
saem normas do quê (sem porque) gostar.

Ancorado em mar de saber-se e jactar-se
segue um cidadão latino-americano.
Seu amor vai consumido,
sua aparência vai consumida,
sua comida e seu vinho da moda vão consumidos;
vão consumidos seus dias em torno de tornar-se mais um.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Infância perene



Poete, poeta, que a vida lhe exige o verso.
De todas as dores de distância,
destas, das quais já te vacinaste – precariamente, diante do patógeno resistente,
sobram muitas palavras, e encaixadas.

Teu pai lhe torna o verso elegante,
e tua luta o torna desfacelado, revolucionado.
Tua família vê no verso o tanto que te ausentaste
e “perdeu” vínculos.

Restou-me o pedido de desculpas;
compreendam, junto com o pedido de perdão,
meu justificado verso de ser um menino sozinho.
Com tanto auê, tendo tanto causado e a causar,
ainda sou o menino sozinho, de oito anos, brincando na varanda – no interior.

Das tardes intermináveis,
do desenho animado e do almoço da vovó,
o que me resta é exatamente o que ainda sou:
aquele cavaleiro do zodíaco esperando a janta.

Poeto por essa saudade e pela esperança.
Pela recordação do que ainda sou, distante;
pela esperança de viver onde sonhei, no reino encantado.


 Abril de 2012