Poete, poeta, que a vida lhe exige o verso.
De todas as dores de distância,
destas, das quais já te vacinaste –
precariamente, diante do patógeno resistente,
sobram muitas palavras, e encaixadas.
Teu pai lhe torna o verso elegante,
e tua luta o torna desfacelado,
revolucionado.
Tua família vê no verso o tanto que te
ausentaste
e “perdeu” vínculos.
Restou-me o pedido de desculpas;
compreendam, junto com o pedido de perdão,
meu justificado verso de ser um menino
sozinho.
Com tanto auê, tendo tanto causado e a
causar,
ainda sou o menino sozinho, de oito anos,
brincando na varanda – no interior.
Das tardes intermináveis,
do desenho animado e do almoço da vovó,
o que me resta é exatamente o que ainda
sou:
aquele cavaleiro do zodíaco esperando a
janta.
Poeto por essa saudade e pela esperança.
Pela recordação do que ainda sou, distante;
pela esperança de viver onde sonhei, no
reino encantado.
Abril de 2012