A lua ontem
nasceu completa
aqui, onde
nunca há lua,
aqui, onde
não existe lua.
Ontem
nasceu e minguou instantaneamente,
como as
lágrimas de quem diz que não chora:
surgem de
pronto – são lágrimas,
e caem –
tornando-se sal e água no chão.
Ontem
queria ter o poder de parar o tempo
para que o
relógio fosse meu amigo
e visse ad eternum a lua.
Como a lua
é esnobe,
como os
amores reais,
tenho agora
uma perda entre os dentes.
Amanhã ou
depois, talvez ela não me volte,
e eu
amargarei não ter parado o tempo
e ter
tirado uma foto única ao seu lado.