sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Do adeus à lua



A lua ontem nasceu completa
aqui, onde nunca há lua,
aqui, onde não existe lua.

Ontem nasceu e minguou instantaneamente,
como as lágrimas de quem diz que não chora:
surgem de pronto – são lágrimas,
e caem – tornando-se sal e água no chão.

Ontem queria ter o poder de parar o tempo
para que o relógio fosse meu amigo
e visse ad eternum a lua.

Como a lua é esnobe,
como os amores reais,
tenho agora uma perda entre os dentes.

Amanhã ou depois, talvez ela não me volte,
e eu amargarei não ter parado o tempo
e ter tirado uma foto única ao seu lado.