No sorvete doce
de sabor o frio fosse,
que a língua a dor o trouxe
e congelou-me os nervos.
Centímetro a centímetro,
o frio tomou conta,
e num arrepio
o olhar me desaponta
a veraz decisão:
Passar os dias bandido,
preso enclausurado,
mas compondo verso lido
à margem do laço.
Clama o corpo,
mas não caço o pato feio.
Vive o morto,
mas não pranteio.