segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Beija-flor




O beija-flor procurava bromélias,
As mais sinceras de açúcar,
As mais lindas e suculentas flores.

Pássaro maldito!
Malfadado bico tem!
Achou três pontas de açúcar
E quatro gotas de veneno floral.

Seu caminho traçou como voador hábil,
Levando os polens às flores amadas
E a elas beijando como princesas.

Ainda novo, concluiu ele que sua conduta,
Sincera, romântica e de respeito,
Levaria seu nome ao beijo da bromélia dos seus sonhos.

Mas o fato vós já sabeis: quatro gotas de veneno
Após três beijos de mel e sonho.

Aos beijos ele morria e renascia,
Como quem pára no ar mesmo que o ar o falte.
Aos beijos ele perdia a hora e a hora o perdia,
Como quem esquecesse o resto,
Mesmo que o resto não o esquecesse.

Morreu o beija-flor...
Mas viveu como ninguém
As três pontas de mel floral.
Viveu a vida inteira,
Porque a vida do beija-flor
Só é vida se há mel e dor...