segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Desejo




Desta carta, poema - que seja,
santos e santas,
demônios e hormônios brotam desvairados.

Aproveitando o ensejo,
segue anexo o desejo,
do qual falar não o fiz,
mas sentir o senti, sem ti.

Matinada sem rumo,
vão os desvalidos nas ruas
e minha mente no teu corpo álamo.

Amotinada mente, seguem nuas,
indecentes, a lua e as tuas
nascentes folhas
 ao caos do tálamo.

Aproveitando o beijo,
vai sem nexo o desejo,
e nem sexo lampejo
que a língua não viu,
mas querer o quis, se quis.

Das profundezas,
o mar surgiu ao toque.
E ao torque da pele ao pelo,
pela mão que embeve o selo,
golfo faz-se enfim delfim.

Afinal, por amar demais,
o herói ao mar caiu.
Consumiu-se golfinho
e, tênue carinho, sumiu.

Instante a marca surge ao dente,
o grito de amor a dor pariu.

Fia o fio a doce vida
e das peles via a fita
dos olhos que sonhei – bonita.

Seduz a boca a faca e o queijo;
na chama sonha a boca o beijo
 do sabor de porvir.

Matinar seduz a boca;
no mar a chuva louca.
Pariu desejo, e oca fé almejo
para o véu cantar desejo.
15/08/11