domingo, 27 de novembro de 2011

Trenura indome


"Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé."
(Milton Nascimento) 

Dedica tua vida a teus amigos
e a solidão será mera palavra avulsa.
Dedica-te aos livros que temos
que o tempo lecionará o caos natural
e o movimento da ordem que queremos.

Dedica tua comida aos famintos
e a fome aos famintos pelo excesso.

Tuas pernas alcançam os leopardos;
tua nuca o peso da mente insana
profana o dogma da mente em medo
ao volver o despertar do enredo
de vencer da inércia a cama.

Dedica teu amor ao amor,
e a mais nada que não seja amor.
Dedica tua dor ao gozo porvir.

Nas canelas dos canavieiros
dedica o calo ao solo em sangue,
e o mangue jorrando leite
deleite o suor ao choro langue.

Dedique-se, dedique-se
e apaixone-se, ainda que pela razão
e seu conflito com a pulsão.

Do dique em pedras some
o mar por fundo um nome.
Amar profundas feras,
plantar ternura indome.

 Divididos tome:
um coração em seu compasso,
um olho sem foco,
um cérebro aloco
ou pernas sem passo.

Num grito o miolo é laço
com olhos pelo futuro.
O coração de estudante pulsa
 o sangue presente e puro...