sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O suicídio da noite



A noite se suicidou.
Comprou uma lanterna possante,
Tacitamente, mirou bem no peito.
E clic!

Cansou-se ela das pessoas,
Que matavam quando ela aparecia.
Cansou-se do falso amor que ela ouvia,
Da notável traição dos humanos, etc.
Um clic!
E a noite passou a não existir.

Então os homens enlouqueceram,
Pois sem noite as mulheres negavam o amor;
Os poetas não escreviam;
Os compositores não compunham;
As prostitutas não trabalhavam;
Os políticos não articulavam;
Os amantes não se amavam;
Algumas flores não floriam;
O pôr-do-sol sumira, assim como o nascer do mesmo...

A claridade e o calor se perpetuavam,
Ao passo que os sonos se esvaiam intranqüilos,
Fazendo dos homens,
Zumbis de olhos sempre abertos.

Jazia a noite na eterna luz,
Enquanto os homens se consumiam decrépitos
E a depressão ficava sob maquiagem subcinerícia.
Não restava um só humano sem olhos vermelhos.

Vaga, não mais nem menos que vaga,
Vive a humanidade.
E balas doces de festim pseudo-matam,
Até que nasça algum amor de verdade.


12/3/2008