sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tanta nuvem invisível




Tanta nuvem vem e vai
que esquecemos até das formas delas,
que ficávamos decifrando quando crianças.
Tanta nuvem linda ou disforme,
e os adultos nem percebem – só vêem a desgraça da chuva que virá, se virá.

E os guris vão deitando no chão
e olhando pro céu,
enquanto os adultos só olham pra frente
e esquecem as três dimensões
- todas as dimensões se convergem para o trabalho.

Tanta nuvem, que vira tanta água...
e tanto ciclo de chuva, que se forma e cai,
que nem nos damos por conta
da conta de prejuízos que é viver no mundo moderno.

Tanto valor somado e subtraído,
que qualquer busca pessoal é parte das despesas
 na moeda do tempo perdido - sempre perdido!

E os sonhos são matérias – claro!, tudo virou matéria!
As mulheres de plástico têm valores cotados na bolsa,
após tanto investimento em infra-estrutura;
Aos homens metrossexuais já falta muita trena
pra medir tanta métrica – enquanto os intelectuais discutem se é “metricidade”.

E tudo se resolve com amor!
Claro que se resolve!
Não vemos que as pessoas amam dinheiro?
Não se resolve tudo com dinheiro?!
Ignorante de quem não entende disso
e de cálculos...

Tanta nuvem vem e vai,
pequena coisa humana,
que mal vê o papai.
Tanta vida morta:
vida urbana;
vida desumana...

Tanta nuvem natural nos céus da cidade de pedra,
de pedra também é colchão dos corações humanos