A emoção é a loucura na sociedade,
é o amor na saudade.
Exalar-se em emoção é receio,
veio de rio indecente e feio.
Caibo em meio milímetro quadrado do mundo
cada vez que a mágoa ou o êxtase sejam
inevitáveis.
Caibo na parte que outrem me lega;
nessa
parte que me resta ruim,
poeta delfim.
Lego a mim mesmo a solidão.
Dentro do meu cômodo cômodo,
lego-me tudo que explode recluso.
Como motor de automóvel,
que explode tudo dentro de si,
levo-me explosivo e em silêncio imóvel.
É a emoção o sufrágio à vida,
aos pés sobre os acontecimentos
e com as mãos na manivela do mundo.
A emoção é como a música,
em cujo som casam-se os tons.
É como um dom,
de pecado e de virtude,
fazendo do ser um tom
de notas indefinidas e incitada solicitude.
A emoção é má, fera bandida e ferida.
A emoção é o fim da saudade,
a dor e a cura da desumanidade.
A emoção é o fármaco para a sociedade.