terça-feira, 27 de setembro de 2011

Eu


(um poema antigo que encontrei, lembro que o fiz para apresentar em um sarau do colégio; revivendo)

Uma mulher,
Após longas procelas no seu amor,
Virou-se ao seu amado,
Dizendo-lhe que fechasse os olhos.
Assim dizendo-lhe para esquecer o amor por ela.

Dele os olhos fechados só ouviam
E sentiam a dor das palavras recebidas.
Olhos que excomungaram uma lágrima
Seguida de outra e mais outra...
Até se inundar completamente
De solidão e de lágrimas.

Tenho pena da carne
E da alma desse infeliz.
Pior quando ele faculta
Que ela o ama também.
Félico chora seu coração:
Lágrimas coram-no com cristais ao sangue.
Seu peito, antes inerte,
Agora se debate,
Fica frágil à leveza da brisa.
O vento trás nostalgia como vento:
Amor feito tormento!

Depois?

Já o vi se debatendo na
Noite.
Sair dela?
Não, não pude ver.
Mas, sim, o vi na ressaca daquela noite.
Pobre degenerado!

Sobre Ela?

Sobre ela não posso dizer.
Dizem que ele a vê por ai...

Mas dele hoje sobram sorrisos e encantos.
Por dentro, n’alma ressequida,
Sabe-se de uns prantos fundiolhos.

Isso, dê a ele misericórdia,
Mas não lhe ofereça amor;
Talvez acuse alergia
E, como sintoma,
Ele perca seu resquício de alegria.

Aventuras ele buscou por remédio,
Casos têmeros anti-tédio,
Anti-dor,
Anti-amor...
Por rancor.

Restou-lhe vazio.
Este, preenchido por mais vazio.
Até completar-se cheio
E tingido pelos trastes
Da amargura.
Como sofreu!

Penso na dor desse homem!
Sinto a dor desse homem!
Mais ainda...quando enxergo
Que este homem era, como sou,
Eu...

12/01/2004