quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A uma amiga distante




Nos caminhos e descaminhos de tua cintura,
eu, com a boca repleta de gosto e de loucura,
perco e acho fortunas cada vez mais febris.

E parece que no caminho eu te mato sedento,
sem que eu precise ferir-te.
E no descaminho parece que te encontro
sem que eu tenha qualquer sobriedade.

Porque é sempre sereno após tuas turbulências.
Porque é excitante me perder e me achar,
assim como é esplêndido te buscar;
assim como é gratificante te sentir vibrar.

A noite fria e o frio dos pés e das mãos
confundem-se com as peles flamejantes.
E lá no fundo os corações batem serenos,
quentes como poucos objetos conhecidos podem ser.

Nos nossos conflitos e pazes,
as palavras ríspidas e as reconciliações
sempre acabam em alguns sorrisos gostosos.
E sempre se cortam as tempestades
para que as marés inspirem nosso querer mútuo.

Resta-me lembrar que logo me perderei outra vez,
cavalgando numa tempestade de confusões mentais.
Mas o que me lembra a vida é notável:
acharei mais uma vez os caminhos da tua cintura.

E nos descaminhos me encontrarei centenas de vezes.
E, se as centenas de vezes teimarem em não ser,
buscarei mais pedras para traçar mais caminhos.
Calcarei milhares de pedras, infinitas pedras,
até que tua loucura seja de prazer
E minha sede seja de trilhar todos os labirintos de tua pele.

E nos caminhos, traçados por trilha de pedras seguras
e por mordidas em tua cintura,
Farei questão de me perder sempre.
Para perder-me e me encontrar em ti.

Tranqüilo desbravador,
porque nem sempre o coração é tão importante
quando a gente possui completude de alma.
Porque eu te quero,
eu sou teu cais de agonia e de braços abertos na dor.
Porque sou frio,
criarei dúzias de corações explodindo para te aquecer.
                                            20/09/2007 (00:25)